Não sei o que acontece com o meu coração,
Escolhi a solidão, mas será que quero estar sozinho?
Escolhi o pior caminho, mas será que era este o que eu deveria estar?
Sempre tive sonhos, fantasias,
Mas o que será que aconteceu com a minha poesia?
O meu coração dói, a minha alma sangra, rasga e fere!
Tanto tempo pensei em ter esse dom,
Mas entre livros não publicados,
Frustrações de sonhos sonhados e fracassados me perdi!
A solidão é fria e não acalma,
Destrói, consome as minhas verdades,
Verdades tão banais e cruéis!
Tudo é imperfeição, amaldiçôo o meu espírito!
Criatura desprezível, detestável, ignóbil!
Sim, este é o poeta que me tornei!
Não somente o poeta, mas o humano, o ser por trás da mente brilhante,
Essa, no entanto, sem acalanto, face enganadora!
Sangra peito, deita-se e não sonha,
Pega a caneta e o papel, componha sobre sua dissimulação!
Não se olhe no espelho, a sua alma não vive.
Você quis assim, deixou o dom padecer,
Perdeu-se na hora errada, vida a tua és amargurada.
Agonia, assombra, pavor, temor de minhas próprias palavras.
Palavras apenas minhas, sinceras, reais,
Tão dilacerantes são elas, elas as minhas palavras!
Sempre acreditei que eu sou o que escrevo e não o que falo,
Lixo, tudo é lixo, a minha alma fede, faleça agora, inerte,
Muda, silenciada apenas por mim!
Disseram que eu poderia ser grande,
E sou? – Responder pra quê!
A poesia fala por si, eu sou esta poesia, assim... Tão vazia!
A expressão legítima do que tenho vivido,
Turbulência, agitação, desordem, enfim, motim dentro d’alma!
Jamais serei o que um dia fui, sangra peito,
Lágrimas de sangue descem pela face do poeta já frígido,
Sem volta, sem desejo, sem inspiração.
O Entusiasmo do criador passou,
Como não amar aquilo mesmo que se criou?
Verdades ditas a mim mesmo dilaceram o meu peito, este já aprisionado!
Hoje eu cometo o suicídio de tudo o que sou,
Meu nobre nada poeta, o teu fim realmente chegou!
Cala-te, não há volta, somente dor e revolta,
Você quis assim, se matou aos poucos,
Destruiu tudo o que um dia tinha,
Amigos, amores, sons de tambores,
Até rei já foi, casa no lago com belo jardim, amada no balanço!
Eras rico em beleza e ardor, apaixonado, inspirador,
Envolvente, quente, extasiado, veemente!
Dói sempre no final, só se dá valor depois que se perde,
E eu perdi, amigos, amores, sons de tambores...
Gosto amargo, lacrimeja alma,
Mas não reclama comigo, não me entendo!
Incompreendido e incompreensível.
Lamentável e triste é o meu desabafo,
Estou cansado de mim, dúvidas assolam o que sou,
Quero acabar com isso,
Minha alma está enfadada de tanta agonia, atormentada dentro de mim,
Como acabar com isso?
Sim, agora podem rir! Aquele que se achava inatingível caiu!
Aquele que sempre dizia que tudo iria dar certo despencou!
Caiu mais veloz do que a velocidade da luz...
Aproveitem esse momento, porque ele se perpetuou no tempo,
Não é coisa de estação, tudo era aparência...
Aquele cara, poeta, humano inabalável, fé inalcançável, estável, era falso,
Mascarado, fingido, oculto!
Riem, alegrem-se aqueles que se sentem vingados com a minha queda,
Um dia, acho que fui bom, não tão bom quanto alguém acreditava que eu era,
Não tão bom quanto alguém ainda achava que eu poderia ser.
Amigo de muitos, inimigo de mim!
Melancólico é o meu fim e o meu desabafo nem ao menos vão decifrar!
Dor, deixe que as tuas lágrimas que agora caem ponderem por ti.
Vencido, derrotado, sem fulgor, mal clareado...
Pára, sai de dentro de mim, não me faça escrever mais!
Já entendi, sou migalha, não sou ninguém,
Jamais serei alguém! Pra quê continuar com tudo isso?
Essas lutas? Você jamais chegará a lugar algum!
Para, para... A tua história já está escrita,
E juro, não minto, vai sofrer eternamente!
Prisioneiros, homicidas, criaturas das piores espécies,
Mas felizes serão do que você! Sua alma ansiará pelo doce gosto da morte!
Poeta? Lyon? Rirei infinitamente de ti!